Knoploch: pleito de 2022 coloca em xeque as pesquisas eleitorais

Em sua última coluna no Diário do Rio, o deputado estadual Alexandre Knoploch abordou a questão dos pesquisas eleitorais. Nas eleições deste ano, as diferenças entre as sondagens de opinião e o resultado das urnas bateram o recorde. Knoploch lembrou que as pesquisas sempre foram superestimadas pela opinião pública no Brasil.

 

“Não é a primeira vez que o resultado das urnas surpreende por distanciar-se das sondagens dos institutos mais renomados, como Ipec e Datafolha. Em outros países, as amostragens de entrevistas realizadas antes do pleito são encaradas como devem ser: tendências das preferências do eleitorado e não prévias das eleições”, observou.

Não foi apenas o erro das pesquisas que surpreendeu, e sim a discrepância. Bem distante da “margem de erro”, a ampla diferença em relação aos 43,2% dos votos para o presidente Jair Bolsonaro ultrapassou os 10 pontos percentuais.

O Ipec, o antigo Ibope, mostrava Bolsonaro com apenas 37% no primeiro turno, ou seja, de quatro a cinco pontos acima da margem de erro máxima. O Datafolha, em sua última pesquisa, atribuía a Bolsonaro somente 36%. Antes vista como quase descartada pelos institutos de pesquisa, a reeleição de Bolsonaro passou a ser considerada factível às vésperas do segundo turno. A última pesquisa do Ipec antes do segundo turno em 30 de outubro para presidente mostrava Lula com 54% dos votos válidos, contra 46% de Bolsonaro. A urna, no entanto, revelou uma diferença de menos de 2%.

No caso do pleito estadual no Rio de Janeiro, as pesquisas não captaram sequer a possibilidade de vitória do governador Cláudio Castro em primeiro turno, o que aconteceu de maneira incontestável, com quase 60% dos votos. Castro pontuava apenas 38% em uma pesquisa do Ipec divulgada a apenas quatro dias do pleito de 1º de outubro.

O fato de os erros terem sido particularmente escandalosos quanto aos números atribuídos a Jair Bolsonaro e aos seus aliados, principalmente ao governador Cláudio Castro e ao candidato Tarcísio de Freitas ao Palácio dos Bandeirantes, é, no mínimo, intrigante. Diante de tamanha desproporção, beira a injustiça criticar a desconfiança generalizada despertada na população em relação ao trabalho dos institutos – comentou o deputado Alexandre Knoploch.

 

Por que estamos diante de um episódio ignóbil, que merece toda a nossa atenção? Justamente porque a divulgação de tais pesquisas exerce uma notória influência sobre o voto do eleitor. Ao saber do resultado das sondagens de opinião, divulgadas com estardalhaço pelas emissoras de TV, sob um clima de “quase eleição”, os cidadãos podem reconsiderar sua escolha original, engrossando o chamado voto útil e abandonando a sua mais autêntica preferência eleitoral.

 

As gritantes imprecisões dos renomados institutos de pesquisa em 2022 não passaram somente ao largo da margem de erro: passaram também distante da margem de tolerância da sociedade. Que aprendamos a mirar as pesquisas não como oráculos e sim como aquilo que são: meros indicadores de uma possível realidade de momento, às quais não devemos atribuir mais valor do que elas merecem. Afinal, eleição sempre foi uma caixinha de surpresas e é decidida somente na urna.

 

Leia a coluna na íntegra.

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